Se
você perguntar quem é o português João Artur Gonçalves Vieira a resposta será: “não
sei e nunca ouvi falar”. Mas, se você perguntar pelo TURA, a resposta será mais
ou menos assim: “o gênio, o mestre, o melhor, o maior e um dos mais apaixonados
baloeiros desse mundão de Deus”.
Tura
nasceu em Portugal e em 14/01/1957 (com três anos) sua família veio morar no
Brasil mais precisamente no bairro do Engenho Novo (Rio de Janeiro) onde permaneceu
por vinte e sete anos.
O aprendiz do seu
Aniceto
Essa
paixão pelo balão começou logo cedo. Ainda criança, por volta dos oito anos,
Tura tinha um vizinho por nome Aniceto que confeccionava balões. O então futuro
baloeiro, ia pra casa do seu Aniceto e ali começou a dar os primeiro passos na
arte de fazer balões.
Certa
feita o garoto chamou a atenção de seu “professor” para um erro na confecção de
um dos seus balões. Seu Aniceto confessou ter feito de propósito para testar se
o seu aprendiz estava realmente atento e como prêmio lhe fora prometido que
aquele balão seria solto por ele, o menino Tura. Ansioso, ainda teve que
esperar por três semanas por causa do mau tempo até que num belo final de
semana, Tura soltou o seu primeiro balão. Mas, naquele momento também reconhecia
que era apenas um aprendiz e que ainda precisava se empenhar cada vez mais
nessa arte, e lá foi ele, acertando aqui, errando ali, mas sempre avançando a
caminho da evolução. Hoje, com muito orgulho, Tura afirma categoricamente: “eu
nasci baloeiro”.
Carteira assinada aos
16 anos
Tura
fez o primário, o ginásio e o científico. Começou a trabalhar de carteira
assinada com 16 anos (como boy) numa indústria de armários embutidos; nessa
empresa acabou se tornando chefe do departamento de pessoal. Mais tarde trabalhou
no Unibanco por aproximadamente seis ou sete anos, saindo do banco, começou a
vender bandeiras.
Tura
lembra que na Copa do Mundo de 1970, em cada jogo da seleção brasileira ele
soltava três balões: um antes do jogo, um no intervalo e outro no final e
relembra: “nunca vi tantos balões como naquela época”.
Em
1977, entra para a Turma do Méier (fundada em 1960) e em 1978, por ocasião da
Copa do Mundo na Argentina, Tura fez a sua primeira bandeira (media 15X15) com
o logotipo da Copa do Mundo (Mundialito – um boneco chutando uma bola com a
chibata na mão). Nessa época não era comum um balão subir carregando uma
bandeira.
Uma
bandeira bem maior subiu num balão solto pela Turma da Bucha, media 50X75, esse
fato ocorreu em 29/06/1986.
Ainda
em 1986, conheceu o Cláudio, da Turma da Alvarenga (SP), passou a confeccionar
bandeiras que ficaram bastante conhecidas no meio dos baloeiros e, claro,
chamando à atenção de outras turmas do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, etc.
Um
dos maiores golpes na vida de Tura aconteceu em 1998, com a criminalização da
soltura de balões. O nosso baloeiro ficou bastante abalado, era flagrante o seu
abatimento, e chegou a entrar num acordo com a sua esposa (Mônica) que só
voltaria a confeccionar um balão quando tudo fosse regulamentado.
“Os Balões Piratas
do Rio”
Muito
bem, no ano de 2000, apareceu em sua vida um Frances (Etienne Chambolle),
responsável pela divulgação de um documentário que se tornou bastante conhecido
no meio dos baloeiros – “Os Balões Piratas do Rio” e por causa desse
documentário, Tura, desde 2002, vem sendo convidado para soltar balões num dos maiores
eventos esportivos da Europa, a Copa Ícaro que a cada evento atrai um público
de aproximadamente 100 mil pessoas oriundas de todas as partes do mundo.
O
“gênio” (como também é conhecido), afirma que nesses dezesseis anos já soltou
mais de 22 mil balões e que esse evento é realizado próximo as matas, morros,
casas.
O
baloeiro Tura é o único convidado (da Copa Ícaro) a receber três troféus de
participação.
Tura
vê com bons olhos as homenagens, mas é contra as competições de balões, e
afirma que “o baloeiro tem que fazer balão para se superar e não para ganhar
troféus”.
Para
2018, já está com a sua agenda cheia, se não vejamos: em maio, viaja para El
Salvador; em julho participará de um evento no México; em agosto evento em
Açores; em setembro de volta a Copa Ícaro e ainda em 2018, grandes
possibilidades do “Gênio Tura” soltar balões na China. Em outras palavras, o
trabalho não para!
Tura é casado, tem
um filho e duas netas
Atrás de um grande
baloeiro tem sempre uma grande mulher e com o Tura não poderia ser diferente e
ele a todo instante faz questão de destacar o importantíssimo apoio de sua esposa
(Mônica) e afirma sempre de maneira muito apaixonada que não faz nada sem ela.
Juntos formam uma dupla que podemos traduzir como a expressão máxima da
seriedade, competência, conhecimento de causa e fundamentalmente muito amor, um
pelo outro e ambos pelos balões. (Huayrãn Ribeiro)
Simplesmente maravilhoso esta arte!
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